Descrição
Em Tropicália Fragmentada, Paulo Varella revisita o imaginário tropical — exuberante, solar, vibrante — para submetê-lo a uma operação de tensão entre beleza e ruído. O hibisco, símbolo recorrente das estéticas litorâneas e da iconografia afetiva do verão, surge aqui multiplicado, quase barroco, mas atravessado por fraturas digitais que interrompem a fluidez natural da imagem.
Esses “glitches”, como fissuras luminosas, funcionam como campos de interrupção: questionam a ideia de paraíso, desestabilizam a perfeição das paisagens idealizadas e lembram que toda imagem, mesmo a mais sedutora, carrega em si sua própria instabilidade. O azul intenso do céu, as folhas de palmeira e as flores abertas — elementos que evocam calor, memória e desejo — são simultaneamente celebrados e desarticulados.
A obra opera nesse limiar entre o orgânico e o digital, entre a promessa idílica da natureza e a interferência das tecnologias que moldam nossa percepção do mundo. Varella cria, assim, uma paisagem que não existe sem a sua própria falha, uma síntese poética da condição visual contemporânea: um paraíso que se recompõe e se desfaz ao mesmo tempo.

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