Carol Rahal e o autoconhecimento através da Arte
Carol Rahal é atriz, fotógrafa e professora.
Seu encontro com a arte se deu quando morou na Indonésia por meio de uma bolsa para estudar sobre a cultura tradicional de Bali.
Lá, se tornou amiga de um fotógrafo que a levava para registrar rituais religiosos hindus.
De volta ao Brasil, iniciou um mergulho na experimentação do teatro, da fotografia e do cinema, tanto na área da educação como na sua fotografia autoral.
Lecionou por muitos anos no Ensino Fundamental II e realizou projetos interdisciplinares, no Colégio Stockler (SP).
Atualmente, contribui como diretora criativa no Instituto Bem do Estar, que promove a reflexão e ações preventivas sobre a saúde da mente, além de ministrar oficinas a partir da linguagem fotográfica e seus diálogos com as demais manifestações artísticas para jovens.
Em suas palavras:
“Sou uma aprendiz fascinada pelos encontros e trocas de experiências com as pessoas. Sou também um labirinto que se revela aos poucos à medida que se vai adentrando nele. Desde pequena sempre gostei de inventar histórias, criar personagens e brincar de professora. Foi no teatro que descobri minhas habilidades artísticas, mas foi na sala de aula que compreendi a potência do conhecimento. Na busca de explorar meu olhar criativo, me apaixonei pela fotografia e fiz dela minha ferramenta de transformação”.
INSPIRAÇÕES E EXPERIÊNCIAS
A fotografia foi uma revelação para Carol Rahal.
Uma pequena máquina mágica a encantou quando percebeu que poderia guardar os fragmentos do mundo, eternizar momentos e recriar realidades.
“Com o passar dos anos, fui percebendo estas diversas camadas da fotografia e como elas afetavam o meu olhar sobre o cotidiano e, principalmente, sobre mim mesma. Eu compreendia cada vez mais a dimensão da experiência fotográfica quando eu refletia que ao clicar no botão da câmera, eu conseguia congelar o tempo, eternizá-lo. Esta sensação de vivenciar o efêmero e o eterno quase num mesmo instante, da escolha em eternizar um momento para que ele instantaneamente vire uma memória permanentemente fixada numa imagem, é um resgate da essência sagrada do universo, para mim”, diz a artista.
Carol busca em seus trabalhos a experimentação do teatro, da fotografia e do cinema, tanto na área da educação quanto na fotografia Fine Art.
Suas inspirações estão no universo surrealista e ficcional, criando uma atmosfera mais subjetiva para abordar sobre a exploração do ser humano sobre si mesmo.
“Minha experiência com a arte da fotografia é a de conseguir expressar meu íntimo e as coisas que me perpassam. Minhas fotografias são como lanternas que me fazem compreender mais sobre mim mesma”.
IMPORTÂNCIA DO AUTOCONHECIMENTO
“O autoconhecimento é muito pessoal e individual, não tem receitas, nem manuais prontos, é uma busca, uma jornada que talvez dure a vida toda sem conseguirmos enxergar o final, ele é um caminho a ser seguido. No meu caso, este meu percurso sempre foi acompanhado pela arte. Quando nos colocamos no lugar de autores e espectadores da nossa própria existência conseguimos ampliar as dimensões do sentido de estarmos vivos; ora sendo protagonistas atuantes ora contemplando as pequenas dádivas que a vida nos oferece a todo instante”.
“O autoconhecimento é a chave para abrir o caminho para as transformações e realizações em nossas vidas. Sem ele você não sabe, de fato, quais são suas forças e virtudes e qual o propósito da sua vida, aquilo que traz significado e prazer, para assim impulsioná-lo a conquistar seus sonhos e objetivos”.
SÉRIE SOLUS (2013-2015)
Estou à tona de mim mesma
e descubro que na ausência
há espaço para mim
Quando não me escuto
Eu uivo um grito selvagem
E aguardo os ecos da minha alma
me mostrarem os caminhos
A solidão me acolhe
quando me entrego a ela
E me assusta
quando quero entendê-la
Nesta série, Carol Rahal reflete a sensação do não pertencimento e a busca de sua própria identidade a partir da experiência autobiográfica, tanto sobre sua questão homossexual na juventude, quanto às dores que passou na época por não se encaixar nos padrões e expectativas familiares.
“Solus” nasceu da necessidade de eu encarar esta minha sombra, de eu me fortalecer em mim mesma, de não ser clandestina do meu próprio desejo. Hoje minha relação com meus pais é maravilhosa, mas eu precisei da arte na época para “sobreviver” em mim.
E em todos os meus trabalhos há sempre um disparador interno que me move, que me inquieta, que me faz ir em busca de alguma resposta possível. Talvez seja a minha urgência de compreender, mesmo que minimamente, o incompreensível. Por isso eu flerto com o ficcional, o irreal, o onírico, o extraordinário…
Elementos simbólicos religiosos e de consumo permeiam o universo inconsciente desta personagem que se vê imersa num estado de solidão, numa jornada de resgate de si mesma e da sua verdadeira imagem.