No dia da consciência negra no Brasil muito se discute sobre o espaço dos negros no universo da arte. Conhecidas por estarem em lugares elitizados, as artes plásticas e visuais sempre foram vistas como eruditas, já que ao longo de toda a história o acesso à elas veio apenas de famílias nobres. Paisagens belas, festas da burguesia e grandes museus esconderam por muito tempo a realidade negra nos séculos passados.
No Brasil, começou com Tarsila do Amaral e outros artistas ‘brancos’ pelo mundo deram à cultura africana o devido valor e usaram sua arte para mostrar principalmente as belezas do povo negro.
Eu separei para esta matéria alguns nomes consagrados como o do fotógrafo Pierre Verger, o do pintor Hector Carybé e alguns outros que mostram o cotidiano e o empoderamento da cultura negra.
Até por volta de 1900 o negro praticamente não era retratado como protagonista e sim como um serviçal. Este papel principal no Brasil veio apenas no Modernismo, com o quadro ‘A Negra’ (1923) de Tarsila do Amaral. Ao longo do tempo obras como ‘O Lavrador de Café’ (1934) e ‘Os Retirantes’ (1944) de Cândido Portinari foram aparecendo também.

“Apenas em 1960 alguns artistas internacionais, principalmente em fotografia, colocaram os negros como elitizados”.

Veja a seguir alguns artistas importantes dentro do movimento de empoderamento negro.

Pierre Verger

O fotógrafo francês Pierre Verger (1902-1996) era de família rica e largou tudo para viajar o mundo, criando vínculo apenas na Bahia por conta de seu interesse pelo candomblé e outros rituais de origem africana.

No Brasil, a proximidade com o escritor Jorge Amado, permitiu que conhecesse todas as mazelas, mas também as alegrias do povo baiano. Apaixonado pelos rituais, passava temporadas em aldeias na África para retratá-los. “O amor pela cultura baiana foi tão grande que saiu de Paris e morreu em Salvador”.

Hector Carybé

O argentino Hector Carybé (1911-1997) foi um artista plástico que também fez da Bahia sua casa. Em conjunto com Pierre Verger, teve uma amizade em que o maior vínculo era o amor ao Brasil e mais especificamente a cultura afro-brasileira. “Encantou-se por todo o cotidiano nos mercados baianos, na pescaria e na cavalgada, que iriam caracterizar as pessoas sem rosto e corpos deslocados que pintava”.

Carybé retratava o cotidiano como as rodas de samba e cavalgadas

Kerry James Marshall

Kerry James Marshall (1955-atualmente) é um artista americano e negro que retrata esta cultura e segundo, está bem cotado no mercado mundial de arte, seja em coleções importantes, e até mesmo com exposições em museus renomados. Por meio de sua arte contemporânea, um dos recursos que utiliza para realizar discussões sociais é o uso de diversos tons de preto na construção das figuras, como uma cor predominante. Ele não realiza uma ‘inclusão dos negros’, mas sim coloca-os como personagens principais de seus trabalhos e no papel de refletir sobre essa inserção dentro da história da arte.

Kerry utiliza os tons de preto nas obras como metáfora e não apenas como sombras

Malick Sidibé

O fotógrafo malinês Malick Sidbé (1936-2016) foi conhecido por seus trabalhos em preto e branco da cultura popular de Bamako, capital de Mali, localizado na África. Colocou nas suas fotografias, pela primeira vez, o negro como pessoa elegante. Ele cuidava da posição das mãos para passar esse tom elitizado, que até então só aparecia nas fotos com brancos.

Muitos dos trabalhos de Malick envolveram mostrar o empoderamento por meio de poses e dos gestos

Kehinde Wiley

Reconhecido por retratar personalidades e empoderamento negro, o artista plástico americano Kehinde Wiley (1977-atualmente) utiliza nas suas pinturas e esculturas, o campo do poder com um estilo ‘heróico’ como discussão e reflexão.
Alguns de seus trabalhos envolveu Mumbai, Senegal, Darkar e até mesmo o Rio de Janeiro. “Uma de suas obras mais conhecidas é um retrato ícone do ex-presidente americano Barack Obama”.

O artista contemporâneo utiliza cores fortes e que mostram poses de poder.
Matéria retirada do site Arteref.

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